A cardiomiopatia periparto (CMP) é uma condição rara, caracterizada por disfunção cardíaca que ocorre no final da gestação ou nos primeiros meses após o parto. Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta relato de caso atípico de CMP em uma paciente de 39 anos, previamente saudável, que desenvolveu fibrilação atrial com resposta ventricular rápida (FARVR) dentro de 48 horas após o parto. A paciente apresentou dispneia e palpitações, sendo diagnosticada com dilatação de câmaras cardíacas, disfunção ventricular esquerda severa (fração de ejeção de 35%) e hipertensão pulmonar. A FARVR, uma apresentação rara em CMP, ocorre em apenas 1,3% a 1,8% dos casos, mas está associada a maior mortalidade e tempos de internação prolongados. O manejo inicial incluiu internação em UTI por oito dias, anticoagulação, diuréticos, e tratamento para insuficiência cardíaca com enalapril, dapagliflozina e espironolactona. O controle da frequência cardíaca foi feito com betabloqueadores, digoxina e, posteriormente, amiodarona devido à refratariedade do quadro. A lactação foi suprimida com cabergolina, resultando em melhora clínica significativa. A paciente teve alta no 18º dia de internação, apresentando sintomas leves (classe funcional II da NYHA). Após três meses, a ressonância magnética cardíaca (RMC) demonstrou fração de ejeção normal (55%), com hipocinesia septal e áreas de fibrose miocárdica. O ecocardiograma realizado oito meses após a alta mostrou fração de ejeção de 56%, com função sistólica global preservada, porém baixa capacidade funcional no teste de esforço cardiopulmonar.Este caso destaca a importância do diagnóstico precoce e manejo agressivo da CMP associada à fibrilação atrial, bem como o uso promissor da cabergolina como terapia adjuvante na recuperação da função cardíaca em pacientes com CMP.