A literatura possui um papel fundamental na preservação da memória histórica e na denúncia das injustiças sociais, especialmente quando se debruça sobre períodos marcados por repressão e censura. Nesse contexto, a obra Levantado do Chão, de José Saramago, inserida no período neorrealista da literatura portuguesa, tornou-se um exemplo expressivo de como a ficção pode ser utilizada como forma de resistência política e crítica social. Esta pesquisa teve como objetivo a análise da obra Levantado do Chão, de José Saramago, com ênfase na forma como o autor articula elementos da ficção literária com acontecimentos históricos para construir uma crítica contundente à ditadura salazarista em Portugal. A narrativa, ambientada na região do Alentejo, acompanha a trajetória da família Mau Tempo ao longo de quatro gerações, revelando as condições de vida dos trabalhadores rurais portugueses submetidos a um regime autoritário que perdurou por quase meio século. O estudo partiu da contextualização histórica que iniciou no fim da Monarquia em Portugal e finalizou com a Revolução Portuguesa em 1974.Este período foi marcado por forte repressão política, censura, perseguições e injustiça social, especialmente no meio rural. Inserida nesse cenário, a obra destacou-se como uma literatura de resistência, uma vez que denunciou a exploração dos trabalhadores e camponeses na região do Alentejo. A metodologia adotada para a construção deste trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica, com base em leituras criteriosas de autores consagrados que abordaram a temática da História de Portugal, a ditadura portuguesa e a estrutura agrária do país. A análise literária fundamentou-se ainda pelos elementos narrativos e estilísticos adotados por Saramago. Também, examinou-se a construção dos personagens como representações simbólicas da opressão e da resistência vivida pelas populações rurais durante a ditadura. Levantado do Chão reafirmou a importância da Literatura como instrumento de crítica, denúncia e preservação da memória histórica, assim como ofereceu uma reflexão profunda sobre os impactos sociais e políticos do regime autoritário em Portugal.